«Chego agora aos prazeres daqueles que se dedicam à agricultura, nos quais encontro deleite maravilhoso. (...) Têm eles uma conta a ajustar com a terra, a qual nunca recusa o seu poder e nunca retorna desinteressadamente o que recebeu: umas vezes menos, mas, na maior parte, muito e com juros. E, todavia, aquilo que aprecio mais não é apenas o produto, mas ainda o próprio vigor natural da terra - quando o seu solo amolecido e revolvido recebe a semente que lhe é lançada, retém-na primeiro, abrigando-a da luz, depois de a aquecer com o seu calor, fá-la brotar pela pressão, daí saindo uma erva verdejante que, apoiando-se nas ramificações da raíz, cresce pouco a pouco, e erguendo-se sobre um nó intricado de ramificações fecha-se, quase como um púbere, num invólucro e, ao sair para fora, produz um fruto em forma de espiga munido de espinhos para se defender das bicadas dos pequenos pássaros.»
In Da Velhice de Cícero
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