sábado, junho 29

O poder nas ruas

Female tailors on strike.New York City, February, 1910 
                                                                                                                               
Não será por acaso que o direito à greve está consagrado em todas as constituições dos países ocidentais civilizados. Representa o último patamar a que recorrem todos aqueles que querem ser ouvidos e que reclamam atenção de quem os governa.
Desvalorizar, ridicularizar ou achar, como se tem ouvido cada vez mais, que os grevistas não passam de gentinha manipulada por sindicatos ou partidos sem escrúpulos é não só estúpido como abre naturalmente caminho a soluções bem menos civilizadas: os últimos tempos têm sido férteis, na Turquia e no Brasil, o povo saiu em manifestações de rua, espontâneas, inorgânicas, ameaçadoras, conquistando simpatias e promessas imediatas dos governantes. E o perigo vem verdadeiramente daí, do poder poder cair nas ruas - e todos sabemos o que isso significa.
Insisto: o direito à greve representou um enorme avanço civilizacional e desvalorizá-lo parece-me politicamente um erro grave e um desrespeito pelo passado que nos trouxe até aqui.

terça-feira, junho 18

My world was five blocks long.


Conan: I'm just imagining you coming from this completely other world and you're from Bayonne, North Carolina.
What about growing up there brought you to this world?
Was there anything about your childhood?
GEORGE R. R. MARTIN: It was imagination.
I come from a blue collar family.
My father was a long shoreman.
We lived in the projects on first street there which has a deep water channel in front of it, it's the connection between the bays and Staten Island across the way.
We didn't have much money.
We didn't even own a car.
My world was five blocks long.
We lived on administrative street, I went to school on first street.
I read books and watched television and film.
I would watch the big ships with all of the flags of different countries of the world and lights of Staten Island across the way where we never even went and wondering what exotic mysteries and wonders lurked on Staten Island.
Would I ever see them.
CONAN: That is your concept of what Staten Island is?
[Laughter]
CONAN: That's fantastic!
GEORGE R. R. MARTIN: I did finally get to Staten Island and I have to say it was kind of disappointing.
[Laughter]

sábado, junho 8

O Paulo e o Helder


Não sei se é deliberado, mas o Paulo vulgariza todas as suas equipas. Ele próprio, seleccionador nacional, discreto e avesso a convulsões, mantém um discurso previsível e redundante. O esforço e a entrega são as únicas estratégias para a equipa de todos nós. Ainda em nome do colectivo, esquece-se dos apelidos das estrelas, tornando-as tangíveis e humanas. Do Fábio ao João, do Rúben ao Cristiano. Se dúvidas houvesse, Paulo Bento coloca sempre o Postiga por sessenta e tal minutos e ficamos com a sensação que também nós, velhos e estropiados, poderemos um dia envergar a camisola das quinas.