sábado, junho 29

O poder nas ruas

Female tailors on strike.New York City, February, 1910 
                                                                                                                               
Não será por acaso que o direito à greve está consagrado em todas as constituições dos países ocidentais civilizados. Representa o último patamar a que recorrem todos aqueles que querem ser ouvidos e que reclamam atenção de quem os governa.
Desvalorizar, ridicularizar ou achar, como se tem ouvido cada vez mais, que os grevistas não passam de gentinha manipulada por sindicatos ou partidos sem escrúpulos é não só estúpido como abre naturalmente caminho a soluções bem menos civilizadas: os últimos tempos têm sido férteis, na Turquia e no Brasil, o povo saiu em manifestações de rua, espontâneas, inorgânicas, ameaçadoras, conquistando simpatias e promessas imediatas dos governantes. E o perigo vem verdadeiramente daí, do poder poder cair nas ruas - e todos sabemos o que isso significa.
Insisto: o direito à greve representou um enorme avanço civilizacional e desvalorizá-lo parece-me politicamente um erro grave e um desrespeito pelo passado que nos trouxe até aqui.

2 comentários:

  1. Foi este o governo escolhido pelos portugueses. É este o governo que temos. É contra ele que temos que protestar. Não esqueçamos no entanto que é sobre ele que recai toda a responsabilidade de saldar os erros de quase 40 anos de decisões mal tomadas, muitas delas sob pressão da própria Europa. Por isso, nas vozes de protesto e nas propostas de solução, deve incidir-se muito mais sobre como os responsáveis por esse passado poderão e deverão ser chamados a contribuir na respetiva proporcionalidade para atenuar ou resolver este desmazelo económico e social.
    JCarvalho

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