quinta-feira, dezembro 29

Homens Bons, de Arturo Pérez-Reverte


Uma aula de história. Da Madrid beata e cinzenta à Paris iluminista e libertina, em vésperas da Revolução de 1789.

« Indica-lhe um lugar da biblioteca perante o qual don Hermógenes já se deteve, extasiado. Ali na luz plúmbea que penetra pela janela, destacam-se as lombadas douradas de vinte e oito volumes de grande formato, encadernados em pele castanho-clara: Encyclopédie, pode ler-se nos rótulos vermelhos e verdes.
- Posso abrir um?
- Por favor.
Com reverente unção, como se fosse um sacerdote que leva nas mãos o Santíssimo Sacramento, o bibliotecário põe os óculos, retira o primeiro volume da estante, coloca-o em cima da mesa do gabinete e abre-o cuidadosamente.
- Discours préliminaire des éditeurs - lê, quase emocionado, - L`Encyclopédie que nous présentons au Public, est, como son titre l`annonce, l`ouvrage d`une société de gens de Lettres...»