segunda-feira, fevereiro 25

O elogio da imperfeição, José Tolentino de Mendonça



Excerto de uma entrevista ao SOL

No seu livro Nenhum Caminho Será Longo afirma que a perfeição é impossível. Devemos aceitar-nos como somos?
Interessa-me muito mais fazer o elogio da imperfeição. Entender e abraçar a imperfeição, que é muito mais humana e verdadeira. O ideal da perfeição torna-se banal, estandardizado. A imperfeição carrega a singularidade, as marcas biográficas, o que corresponde ao vivido.
Isso não vai contra o ‘não pecarás’?
Gosto desta definição: um santo é um pecador que não desiste. O caminho espiritual que a Igreja propõe é esse, um caminho de maturação, de transformação permanente. Tem a ver com o que podemos dar a cada tempo da nossa vida. Não é o homem que foi feito para a lei, é a lei que é feita para o homem. E é feita para o homem crescer, maturar, ter hipótese de ser em plenitude. A palavra pecado, na sua origem, significa falhar o alvo. O pecado é isso: quando não acertamos no essencial. Mas com essas falhas também se aprende. Tudo é caminho.
É primeiro padre e depois poeta, é primeiro poeta e depois padre, ou a poesia e o sacerdócio são indissociáveis?
Perante uma folha em branco nós não somos nada. A folha em branco exige-nos esse exercício de ignorância. Estamos sempre a começar. O que somos não interessa, o que escrevemos não interessa. Interessa escrever a primeira palavra como se fosse a primeira palavra do mundo. Essa é a experiência da poesia.

domingo, fevereiro 17

Jesualdo não andou pelas bancadas de Alvalade


A Bola

Jesualdo não andou pelas bancadas de Alvalade, nem pôde. O estatuto que granjeou e o percurso fora de portas não o permitiram. Se por lá tivesse andado, teria percebido, desde o início do campeonato, o mau estar dos adeptos pelas aquisições desastradas dos dirigentes e pelas desconcertantes opções tomadas jogo após jogo. E o que se dizia pelas bancadas? O óbvio, o que saltava aos olhos de todos: ponham os miúdos da B com dois ou três da “principal”, não mais, e farão boa figura, justificando, também, o que sobra do Sporting – a Academia.
Jesualdo pareceu-me empurrado para esta solução, mas talvez a tempo de a assumir e de marcar definitivamente o rumo para o clube.

quarta-feira, fevereiro 13

As preocupações sociais dos nossos banqueiros



Pyke Koch

Cá estão as preocupações sociais dos nossos banqueiros após a ajuda estatal e a retoma de chorudos lucros em 2012:

"BANCOS VÃO CORTAR MAIS DE 800 POSTOS DE TRABALHO EM 2013"


"... o BES quer reduzir este ano 244 trabalhadores através de rescisões amigáveis e de reformas. No ano passado, o banco perdeu 136 trabalhadores. 
O banco liderado por Fernando Ulrich acabou 2012 com menos 258 trabalhadores, ao passo que no banco público saíram mais de 100. O presidente da instituição, José de Matos, disse na apresentação de contas anual que quer continuar a reduzir pessoal mas sem recorrer a uma «política de despedimentos agressiva».
No Santander Totta, de onde saíram 110 trabalhadores em 2012, a intenção é que saiam mais 90 este ano."

segunda-feira, fevereiro 11

Portugal finis terrae, Pedro Rosa Mendes


Segui a sugestão de Rentes de Carvalho e de Rui Ângelo Araújo: um texto de Pedro Rosa Mendes para reflectir.


"...tinha uma tripla fé: 1. em si próprio como Fúhrer infalível; 2. em Deus como leal confessor do poder; 3. e na miséria como ermida natural da virtude."

domingo, fevereiro 10

O Mentor



Filme complexo, obscuro, desagradável, por vezes. Filme que se completa  posteriormente com informação adicional (necessidade que o fragiliza) e que ligará tantas pontas soltas -  e será também por isso que o filme de Paul Thomas Anderson não sai da cabeça facilmente. Dois fantásticos actores: Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman.

sábado, fevereiro 2

10 entre 70



10 arquitectos portugueses, entre 70, nomeados pela ArchDaily para os prémios de arquitectura 2012.
Em entrevista à RTPi, há um mês sensivelmente, Eduardo Souto Moura reconhecia, entusiasmado, a grande qualidade dos novos arquitectos portugueses e, ingenuamente, estranhava não terem qualquer visibilidade no nosso país.
Tudo isto é, evidentemente, o reflexo do investimento continuado na educação e, desde há muitos anos, fruto da procura massiva dos cursos de arquitectura. As médias de acesso às faculdades de arquitectura situam-se desde há muito tempo num patamar elevadíssimo. Para lá de uma enorme capacidade de trabalho que estes alunos demonstram, este reconhecimento é também consequência de uma formação plural e multifacetada, num certo ideal  renascentista - de que nada, absolutamente nada, devemos ignorar.  Não estranho, por isso, os resultados atingidos nem as palavras do nosso arquitecto laureado. Numa altura em que a aposta ministerial se centra exclusivamente no ler, escrever e contar, recordo o aviso de Baltasar Castiglione (1528) na educação ideal de qualquer indivíduo: "Há ainda um aspecto que julgo de grande importância: trata-se da arte do Desenho...".
Uma nota: a Faculdade de Arquitectura do Porto distingue-se e é uma referência a nível mundial porque leva à letra as palavras deste homem do renascimento.