quinta-feira, janeiro 26

Dois ganchos de direita fizeram cambalear o campeão


El País

Quem, como eu, esperava um Madrid desesperado, medroso, merdoso, à espera do knockout final e total, enganou-se: um Higuain perdulário, um árbitro distraído e dois hooks inesperados ao fim do primeiro round teriam levado qualquer equipa definitivamente ao tapete. Mourinho, encostado às cordas, teve a lucidez, difícil nesta situação, de manter a estratégia e pedir aos jogadores que continuassem a jogar à bola, e não se agarrassem ao adversário. Dois ganchos de direita fizeram cambalear o campeão e salvar uma equipa do Knockout técnico. Halla Madrid!!

quarta-feira, janeiro 25

Sprezzatura



2 anos de recortes. Enquanto o prazer se mantiver, continuarei a recortar aqui e ali realidades que me tocam, perspectivas inesperadas, estados de alma. Recortar com graciosidade, sem aparente esforço é o que almejo – sprezzatura. Não é fácil para mim.
Agradeço a todos os que  por aqui passam.


sábado, janeiro 21

quinta-feira, janeiro 19

Dois para cada lado

Guido Pigni


Raia o ridículo a ameaça ao Governo por parte do Porta-voz da Conferência Episcopal sobre o número de feriados a abolir. O argumento é de uma indigência inesperada: “Se forem dois civis serão dois religiosos, dois para cada lado. Dois religiosos e um civil, nem pensem…” Sem mais.
Se o Governo propuser sete civis o porta-voz acaba com o Natal.


sábado, janeiro 14

Bibliotecas de lombadas de couro e letras douradas



Pela TSF, fiquei a saber que os funcionários do Banco de Portugal usufruem de múltiplas regalias e que, num gesto de solidariedade nacional, o governador do banco se apressou a reduzir, salvando assim os subsídios de natal e férias. De entre muitos benefícios, os novecentos euros de subsídio anual para compra de livros tocou-me. Pura inveja: imaginei logo as casas dos mais modestos colaboradores forradas a livros e extensas e criteriosas bibliotecas de lombadas de couro e letras douradas nos escritórios de Carlos Costa e Vitor Constâncio.
O sr. Governador, a quem nunca ouvi uma palavra contra os cortes dos ordenados dos restantes cidadãos, provavelmente não sabe que, apesar dos livros que possa ter, a nossa cultura se baseia no Verbo e, mais concretamente, no verbo escrito. Somos, como alguém disse, o produto de muitos livros. E se alguma intenção há inerente a todos eles é o de civilizar. 


quinta-feira, janeiro 12

Némesis, de Philip Roth





“Vogando sobre o silêncio do lago escuro, chegava até eles a canção preferida de Marcia naquele verão… 
         - « I´ll be seeing you» - cantou-lhe Marcia baixinho - «in all the old familiar places…»
E nesta altura levantou-se, puxou-o para que ele se levantasse também e, decidida a não o deixar desanimar ainda mais – e sem saber que outra coisa podia fazer -, obrigou-o a dar uns passos de dança.
         - «That this heart of mine embraces» - cantou, com o queixo encostado ao peito dele - «all day through» - e levantou sedutoramente a voz no prolongado «through»."

                                                                                                           Roth, Philip, Némesis, D. Quixote



quarta-feira, janeiro 11

A senadora



Um Desafio(s) de Portugal para 2012. Afastar definitivamente a senhora que suspendia a democracia em Portugal por uns meses e que agora propõe cortar alguns cuidados de saúde aos portugueses que não podem pagar. Transcrevo o despautério, quando o relógio marcava 23.00 (o tom é mordaz e impiedoso): “Tratamentos desse estilo (referia-se à hemodiálise para pessoas com 70 anos), que evidentemente existem e que as pessoas têm direito a eles, desde que paguem. Fora isso, não é possível gratuitamente. O país não produz riqueza para isso.” Reparem também na anuência imediata de António Barreto, outro senador. E uns minutos mais tarde, a reação veemente de António Vitorino. O que fazia ele ali?



sexta-feira, janeiro 6

Obras de Arte




Para os romanos não era o corpo nem os trajes ou atributos acessórios o centro do interesse na retratística, mas sim o rosto com todas as suas particularidades – a textura da pele e do cabelo, as marcas da idade, o olhar..., em suma, a verosimilhança com o humano. É no período da dinastia dos Severos que o retrato atinge o ponto mais significativo e específico da arte romana. Este rosto de Caracala é, para mim, entre tantos outros do imperador, o auge da expressividade do retrato psicológico e emocional. Perante esta delicada e primorosa execução escultórica, facilmente caracterizamos a sua personalidade e o seu carácter.


terça-feira, janeiro 3

Quem deve o quê a quem.




Infografia da BBC. Aqui.




Duas perguntas.


Pela leitura dos jornais de hoje, a transferência de capitais de empresas para a Holanda, Irlanda e Luxemburgo é prática habitual de várias empresas com o objectivo de pagarem menos impostos e, obviamente, de se tornarem mais competitivas. Se assim é, porque não fazemos o mesmo? Se esta prática é lesiva dos interesses da maioria dos cidadãos europeus (parece o vocabulário do PCP!), não seria motivo suficiente para um debate sobre política fiscal em sede do Parlamento Europeu ?