Fez seis anos. Na manhã de 11 de Março de 2004 explodiram dez bombas em diversos comboios de Madrid. Morreram 191 pessoas e milhares ficaram feridas. Numa altura em que se volta a falar da ETA e os meninos-bomba continuam a explodir pelo Médio Oriente são motivos suficientes para recordar estes actos ignóbeis e divulgar um poema de Wislawa Szymborska (Prémio Nobel da Literatura 1996). O TERRORISTA OBSERVA
A bomba no café vai explodir às treze e vinte.
São treze e dezasseis neste momento.
Há tempo ainda para entrar
e tempo para sair.
O terrorista já cruzou a rua.
A esta distância não corre perigo,
e que vista tem – é como no cinema:
Uma mulher de casaco amarelo acaba de entrar.
Sai um homem de óculos escuros.
Dois rapazes de calça de ganga conversam à porta.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
O mais baixo tem sorte, senta-se na motorizada,
já o outro, entrou agora mesmo.
Treze horas dezassete minutos e quarenta segundos.
Aproxima-se uma rapariga, de fita verde no cabelo.
Mas um autocarro pára de súbito à sua frente.
Treze e dezoito.
A rapariga desapareceu.
Se foi estúpida e entrou, ou não,
sabê-lo-emos quando eles forem retirados.
Treze e dezanove.
Parece que não entra mais ninguém.
Mas há um tipo que sai, gordo, careca.
Esperem lá, ei-lo que procura qualquer coisa nos bolsos e
quando faltam dez segundos para as treze e vinte
regressa para ir buscar as suas velhas luvas.
São treze e vinte certas.
Como o tempo se alonga.
Vai ser a qualquer momento.
Ainda não.
Sim, é agora.
A bomba explode.
A bomba no café vai explodir às treze e vinte.
São treze e dezasseis neste momento.
Há tempo ainda para entrar
e tempo para sair.
O terrorista já cruzou a rua.
A esta distância não corre perigo,
e que vista tem – é como no cinema:
Uma mulher de casaco amarelo acaba de entrar.
Sai um homem de óculos escuros.
Dois rapazes de calça de ganga conversam à porta.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
O mais baixo tem sorte, senta-se na motorizada,
já o outro, entrou agora mesmo.
Treze horas dezassete minutos e quarenta segundos.
Aproxima-se uma rapariga, de fita verde no cabelo.
Mas um autocarro pára de súbito à sua frente.
Treze e dezoito.
A rapariga desapareceu.
Se foi estúpida e entrou, ou não,
sabê-lo-emos quando eles forem retirados.
Treze e dezanove.
Parece que não entra mais ninguém.
Mas há um tipo que sai, gordo, careca.
Esperem lá, ei-lo que procura qualquer coisa nos bolsos e
quando faltam dez segundos para as treze e vinte
regressa para ir buscar as suas velhas luvas.
São treze e vinte certas.
Como o tempo se alonga.
Vai ser a qualquer momento.
Ainda não.
Sim, é agora.
A bomba explode.
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