terça-feira, dezembro 25

Um branco de inverno


Os tempos são outros, é certo. A loiça pode ser da Vista Alegre, os talheres de cutelaria de renome, os cristais de tamanhos e volumes adequados, a toalha barroca, os guardanapos enormes e contrastantes, algumas iguarias de latitudes diferentes. Mas a tradição da mesa transmontana dita que o cabrito assado no forno seja o alvo de todas as atenções. Assim foi. As expressões dos rostos faziam adivinhar facilmente as palavras que justificariam detalhadamente o acerto da confecção - o tempo da assadura, a consistência das diferentes partes, a proporção dos temperos, a espessura e cor do molho, a qualidade das batatas que acompanhavam o assado.
A escolha do vinho mereceu também uma atenção particular, e um atrevimento - quem escolheria um branco para acompanhar o almoço de Natal?
Resposta: o Senhor Luís Barreira, meu pai. O gosto pelos brancos vem de longe e o interesse pelos da Adega de Vila Real também, não fosse ele um transmontano e um apreciador de vinho. Se os brancos estão associados aos peixes e ao verão pela frescura e baixo teor alcoólico, sempre estranhei este gosto desalinhado (que contaminou o meu) e pouco ortodoxo do meu pai. A escolha mostrou-se acertada. O “branco de inverno” de Vila Real, Grande Reserva, 2010, correu livremente.

1 comentário:

  1. Nunca consegui alinhar o meu paladar pelo branco (nem pelo tinto). Para acompanhar um belo assado, um peixe, um queijo,..., só mesmo uma cerveja! Enfim, gostos de um meio transmontano, meio ribatejano...
    Um abraço
    Paulo Coimbra
    (http://enifpegasus.blogspot.pt/)

    ResponderEliminar