quarta-feira, outubro 5

Hostil, mas réptil




O El País tem dado grande relevo ao terceiro casamento da duquesa de Alba de 85 anos. Agora mesmo, o jornal relata em directo todas as notícias relativas à boda de Cayetana de Alba com Alfonso Díez, "Les separa su posición social y económica pero les une el arte". O poder da Arte. E é nesta perspectiva que devemos compreender todo este frenesim noticioso à volta deste casamento e das consequências na divisão do imenso património. Em suma, enquadremos também o feio nessa  perspectiva, mais romântica.

“Amo-te não só porque és disforme, mas também porque és abjecto. Amo o monstro e amo o histrião. Um amante humilhado, escarnecido, grotesco, horrível, exposto aos risos naquele pelourinho chamado teatro, tudo isto tem um gosto extraordinário. (…) Ah! Sou feliz, eis-me decaída. Gostaria que todos pudessem saber quanto sou abjecta. Prostrar-se-iam ainda mais, porque quanto mais detestam, mais rastejam. O género humano é feito assim. Hostil, mas réptil. Dragão, mas verme. Oh! Sou tão depravada como os deuses (…)”    
  Victor Hugo, O homem que ri (1869)


*Ao ver a duquesa, associo-a imediatamente à rainha de Tunes, pintada por Quentin Massys (1513).


Sem comentários:

Enviar um comentário