domingo, janeiro 6

Fui a Alvalade


FIFA 2012


À minha frente, pai e dois filhos adolescentes, gémeos, um de cada lado numa simetria perfeita. O da esquerda jogou futebol todo o tempo no seu smartphone; o da direita, de smartphone também, procurou incessantemente algo que o distraísse; ao meio, o pai, alto, tal como os filhos, cabelo cuidado, camisa engomada de colarinhos rijos apertados por uma gravata a condizer, sobretudo comprido de corte clássico - esteve frio em Alvalade. Durante todo o tempo mantiveram a posição correcta na cadeira, costas bem apoiadas e pés bem assentes no chão. Se os rapazes tinham os cachecóis enrolados ao pescoço, o do pai esteve sempre nas mãos. Em movimentos quase imperceptíveis e durante todo o jogo aquelas mãos não pararam de dobrar, puxar, torcer, enrolar, amarrotar, esmagar aquele cachecol verde desfiado.

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