quinta-feira, maio 3

Níveis de Ar, John Updike

A. Barreira

I

mosquitos de Primavera junto
aos meus olhos, ao meu ouvido

II

num nível acima, um pisco descansa
num ramo baixo de faia,
e andorinhas inclinadas
juntam ninhos de lama

III

os corvos lá em cima, nos carvalhos,
deixam cair merda branca, crocitos negros

IV

gaivotas: vindas do mar,
as suas asas cinzentas remando
como almas de fantasmas pairando
no Purgatório

V

um falcão de asas largas pendurado
no vento lateral

VI

um Learjet (ruidoso) zumbe
como se, o trem baixado, regressasse
do seu voo local
depois de uma viagem (lucrativa?)

VII

mais lá no alto, um 737
vira para leste, saindo de Logan

VIII

mais perto ainda do céu,
um 747
ou uma supermosca semelhante
sai do JFK, dirigindo-se como seta
para uma capital europeia,
o seu rasto de jacto silencioso
rasgão branco de neve
com crista cruciforme

IX

já fora da visão, e sobre tudo:
as nossas naves orbitando
este planeta flutuante
e aprumados os anjos


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