quarta-feira, maio 9

Excerto do discurso de João Ricardo Pedro na entrega do prémio Leya.



“… Enquanto o escrevi (O Teu Rosto Será o Último), a minha única preocupação foi a de que cada frase – somada à anterior e precedendo a seguinte – contivesse em si mesma toda a emoção possível. Toda a alegria. Toda a beleza.
Claro que depressa adquiri a cruel consciência dos parcos recursos de que dispunha e de que essa era uma ambição condenada ao fracasso. Como gerir, então, esse somatório de frustrações? Como continuar essa perseguição impossível? De que substância combustível me poderia alimentar? Do prazer. O prazer dessa incessante procura e o prazer dessa inevitável decepção. E foi caminhando entre essas duas margens, a da frase ambicionada e a da frase possível, que se foram construindo as histórias encerradas neste livro. Onde construí a minha própria biografia, e onde, espero, os leitores construam as suas, à medida que o forem lendo. “

1 comentário:

  1. Olá, António!
    Também o ouvi. Gostei muito.
    EXCELENTE.
    "A incessante procura", feita de prazer mas, também (tantas vezes)de deceção.

    Bj

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