Foi uma surpresa ver o Museu Nacional de Arte Antiga cheio, apesar de saber que se comemorava o dia internacional dos museus e a entrada ser gratuita. Os salões perderam o silêncio habitual; a noite esteve quente, a fazer inveja aos melhores dias de verão, e uma ligeiríssima brisa desprendeu preguiçosamente milhares de flores dos jacarandás num jardim repleto de gentes de várias paragens; os alunos do Chapitô fizeram o que puderam.
Sempre achei que era nesta direção que os museus deveriam seguir:
um lugar de oferta multifacetada onde o património material ocupa um lugar de
relevo.
Recordo-me, quando aluno
de escultura das Belas Artes, de uma proposta para um projeto de um parque infantil para a Fundação Calouste Gulbenkian. Pretendia atingir esses objetivos e, sobretudo, criar hábitos às crianças mais novas tornando esses espaços familiares. Todas as peças do parque infantil teriam como ponto de partida a escultura de Henry Moore da Fundação e seriam pensadas e moldadas de acordo com as necessidades lúdicas e o espírito dos mais
pequenos. Em vão, não passou no crivo de um mestre a quem eu esqueci o nome. Já nessa altura, o cheiro bafiento que se instalara continuava a
impregnar a cabeça de muitos zeladores de um património esconso.