segunda-feira, abril 11

“Look at me”


O “Look at me” mais suplicante e delicioso que já ouvi. Entre o ciciar de palavras de circunstância, o nervosismo das mãos num corpo tenso, o olhar que procura algo em que se fixar, o tímido pedido de desculpa já com os primeiros acordes e, depois, a transformação repentina para o vozeirão seguro, convicto e apaixonado de Sarah Vaughan, fazem deste Misty, e em particular deste registo em Montreux, um apelo irresistível.


quarta-feira, abril 6

Vozes de Chernobyl, Svetlana Alexievich




"Lembra-se...? Dostoiévski descreveu... Como um homem chicoteava o cavalo nos olhos mansos. Homem louco! Não na garupa, mas nos olhos mansos..."


A Vitória do número



A estratégia de Rui Vitória explica-se facilmente: acredita que a quantidade de jogadores em disputa direta da bola é proporcional à possibilidade de a dominarem. Simples. Matemática pura e simples. O Professor rendeu-se a Pitágoras - tudo é número. Sem pudor e se necessário, defende com toda a equipa no último terço; atreve-se, atacando com um número semelhante à das equipas que defendem; disputa cada bola em qualquer espaço com maior número de homens. Apregoa, sem o semblante de um general romano, o mérito do coletivo, mas dificulta, com a estratégia eficaz que adotou, qualquer pretensão de individualismo e criatividade.
Para os amantes do ludopédio, e num espetáculo como o futebol tem que ser, é possível aproximar a arte de bem jogar à estratégia fria dos números?
Sim, é possível: vejam Jesus e seus apaniguados.