segunda-feira, dezembro 26

Listas


A última semana do ano é propícia a balanços.  A necessidade de estabelecer alguma ordem, de enumerar, de partilhar, é comum a quase todos nós. Sempre se fizeram listas. De uma maneira ou de outra, toda a gente as faz. 
As minhas escolhas.

5 livros: 
                                  . Hitler, Ian Kershaw
                                  . Liberdade, Jonathan Franzen
                                  . Indignação, Philip Roth
                                  . Teatro de Sabbath, Philip Roth
                                  . Verão, J. M. Coetzee 


5 canções:
                                . Billie Holiday, Strange Fruit                               
                                . Sufjan Stevens, "John Wayne Gacy Jr"
                                . Philippe Jaroussky with L'Arpeggiata, Si Dolce, Monteverdi
                                . Cristina Pluhar e Arpeggiata, la Spagnola 
                                . Omara e Emilio Morales, Dos gardenias, em Montreal

5 + 1 coisas:
                                   
                                   . Crónicas de Manuel António Pina, no JN
                          . Blogs Ana de Amsterdam e Tempo Contado
                                   . El País
                                   . Barcelona de Guardiola e Messi
                          . Golfe na Aroeira
                                    . O meu frágil Sporting

sábado, dezembro 24

Um branco puríssimo, imaculado.



No alto do Reigás o meu pai engatava a terceira, não fosse o gelo fazer das suas. No volkswagen azul levávamos o coração e as mãos a ferver de tanto brincar na neve. Descíamos cuidadosamente o monte. À terceira curva, de onde avistaríamos Vidago, lá no fundo, via-se um imenso e denso nevoeiro que tudo aplanava. Era quase sempre assim: geada atrás de geada e um frio de rachar que o nevoeiro perpetuava por dias sem fim. Mas neve, em Vidago, a tão desejada neve, essa, cercava-nos à distância do desejo.
Na semana do Natal, trocávamos as brincadeiras de rua pela escolha criteriosa do pinheiro e do musgo, pela colocação das figuras de barro no presépio de novo refeito, pelo borralho da braseira onde se torrava pão, pelo cheiro dos fritos que nos avisava da proximidade da madrugada das prendas no sapatinho.
Recordo-me que o dia de consoada era longo, muito longo. O repasto, excepcionalmente mais tarde, começava com o depenicar de uns macios bolos de bacalhau. Depois, entravam fumegantes postas de bacalhau cozido com batatas farinhentas do barroso e couve troncha passada pelo azeite e alho, que eram substituídas pela pequenada pelo polvo, também ele cozido. No fim, os doces – rabanadas de leite e água, jirimuns lambidos em suave calda de açúcar perfumada com pau de canela, línguas de abade, leite-creme bem marcado pelo ferro, pratos de aletria decorados com a mestria da minha mãe - enchiam de novo uma mesa ainda composta.
Íamos para cama muito cedo na tentativa de acelerar um relógio que naquele dia teimava em atrasar-se. Depois o sonho começava ainda com os olhos bem abertos e terminava abruptamente com um safanão do meu irmão. O Pai Natal era sempre muito generoso – arranjava sempre o fim mais desejado para os nossos sonhos.
Durante a missa de Natal, contávamos aos amigos as prendas recebidas e marcávamos encontro para a única matiné do ano. Bem, naquele Natal de 67, depois de um almoço tradicional – o divinal Cabrito Assado no Forno – entrámos para o Cine-Vidago do senhor Germano, para ver mais um filme do Cantinflas. Eram só miúdos e a algazarra só parou ao acender das luzes coloridas que indicavam o início da projecção. As gargalhadas sucederam-se de princípio a fim e quando saímos… bem, quando saímos, fomos encontrar um incrível manto de neve de um branco puríssimo, imaculado, acabado de cair, que nos fez os miúdos mais felizes do mundo!

quarta-feira, dezembro 21

Ricky Gervais e Louis C.K.



Provavelmente os melhores e mais bem pagos humoristas da actualidade. Juntos neste episódio hilariante. O riso que brota precisamente da oposição entre o dramatismo das nossas vidas e a realidade alheia ao nosso mundo.

domingo, dezembro 18

quarta-feira, dezembro 14

¿Por qué el café sabe siempre bien en Portugal? (y aquí no)



Curiosa a crónica, e a unanimidade dos comentários, no blog de Paco Nadal, El País, sobre  ¿Por qué el café sabe siempre bien en Portugal? (y aquí no). Todos temos constatado isso! A qualidade do café servido em Portugal e a dificuldade em adaptarmo-nos aos aromas e paladares fora do país são motivo de regozijo (pelo nosso Delta) e de decepção, quando lá fora. Desapontados, tentamos justificar com argumentos que normalmente se prendem com os hábitos e tradições de cada lugar. Mas preferimos o nosso. E não somos só nós. Sabe melhor, assim.

domingo, dezembro 11

O que resta a Mourinho?


Se o resultado da época passada, 5-0, poderia ter parecido acidental, a derrota de ontem em Madrid, e no contexto extremamente favorável em que decorreu, mostrou, definitivamente, a incapacidade deste Madrid em jogar de igual para igual contra o Barcelona.
Para quem reclamou sempre os holofotes, para quem nunca se privou de dar lições, para quem se auto-intitulou The Special One, o que resta?
Estranhamente, muito pouco: fair-play.

domingo, dezembro 4