Recordações de Estevais, uma entre tantas aldeias de Trás-os-Montes na primeira metade do século XX. Mas também de Gaia e do Porto e das viagens de comboio pelo Douro até às fragas do Tua e do Sabor. Memórias que balançam entre o paraíso e o inferno. Uma prosa deliciosa que eu já conhecia do blog e que agora me fará ler toda a sua obra.
“Ofegante, os olhos em brasa, durante um momento aceitou as carícias, mas eu próprio me dei conta de como era ainda desajeitado e inexperiente. Então ela, a desvendar-me as maneiras e os segredos do seu corpo, prendeu a minha mão na sua, guiou-a a mostrar por onde ir, onde demorar, encostando-a aos seios, ensinando-lhe a leveza das carícias, fazendo-a penetrar pouco a pouco onde eu não teria ousado.
Parámos ao ouvir o barulho de gente que entrava na cozinha e logo de seguida o falsete da tia Jacinta:
- Onde é que estais metidos, ó mafarricos?”
In Ernestina de Rentes de Carvalho, (p.309)
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