Nos nossos canais televisivos há sempre tempo para analisar e debater todo o futebol nacional e internacional. As horas disponibilizadas ao desporto rei permitem-nos saber tudo: do pequeno-almoço do hotel em véspera de jogo ao estado de espírito dos adeptos, das lesões aos sistemas táticos mais rebuscados. A importância dos programas mede-se pelo vocabulário hermético dos comentadores e pelos decibéis da indignação dos convidados dos clubes. Uns e outros, áugures atentos, pressagiam o futuro das equipas e de cada jogador da pátria lusa. Dos nossos em terras de outros, não vêem o menor defeito, invocando um dever superior de todos nós – o patriotismo. Argumento pobre. Estranho que tantos, e tão conhecedores, não questionem as prestações medíocres do Real Madrid e dos seus expoentes máximos – José Mourinho e Cristiano Ronaldo. O primeiro parece perdido na procura obsessiva de bater novos recordes. Cristiano, enredado em simulações, tiques e protestos, trava repetidamente uma equipa refém de uma única ideia – ganhar.
Ao futebol dos grandes clubes, porque têm possibilidades infinitas, exige-se qualidade e só poderão tê-la se forem espetaculares. Não é por isso que queremos ver o futebol de Guardiola, Wenger, Jesus? (como me custa colocar Jesus neste grupo), treinadores que acreditam que jogar bem é o ponto de partida para ganhar.
Continuo a achar que és demasiado duro e crítico para com dois grandes portugueses do mundo do desporto. Ser-se ambicioso, "primus inter pares", só pode ser salutar! Nós somos bons em muitas áreas. Parece contudo que não gostamos de o ser...
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