domingo, maio 16

Wolf Hall

Não foi fácil acabar o vencedor do Man Booker Prize 2009, Wolf Hall, de Hilary Mantel. Durante as 658 páginas, nunca encontrei o ritmo certo. A leitura espaçada também não ajudou. A primeira e segunda partes são muito descritivas, com inúmeras personagens que, para comprender as afinidades entre elas e para me situar, me remeteram regularmente para as primeiras páginas.
O livro leva-nos para a Inglaterra de Henrique VIII, para o atribulado casamento com Ana Bolena e consequente corte com a Igreja Católica Romana e, também, para o carácter e integridade de Tomás More.

Desenho de Hans Holbein

Dois recortes:

....
"- Gostaria de pintar Anne Boleyn?
- Não sei. Pode não querer ser estudada.
- Dizem que não é bonita.
- Não, talvez não seja. Vós não iríeis escolhê-la como modelo para uma Primavera. Ou para uma estátua da Virgem. Ou para a imagem da paz.
- Para quê então? Eva? A Medusa? – Hans (Holbein) ri-se. – Não respondais!
- Ela tem uma grande presença, esprit… É algo que não se consegue mostrar numa pintura."

... página 658 e última:
(Thomas)More encontra-se junto ao cepo, consegue vê-lo agora. Está embrulhado numa áspera capa cinzenta que, recorda, pertencia ao criado dele, John Wood. Está a falar com o carrasco, aparentemente a fazer-lhe alguma observação sarcástica, sacudindo a chuva do rosto e da barba. Está a retirar a capa, cuja orla está encharcada de água da chuva. Ajoelha-se diante do cepo, os lábios movem-se numa oração final.

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