Também vou ter saudades de Obama. Saudades do humanismo e da tolerância. Saudades da modernidade e da elegância dos actos. Do seu sorriso largo. Saudade dos discursos espontâneos
e informais, das diferenças de timbre da sua voz, das alterações sistemáticas
de ritmo, das pausas prolongadas que nos permitiam refletir. A oratória como uma ciência das emoções. Também um mestre na gestão da imagem. Ninguém geriu tão bem a linguagem
corporal, os locais por onde andou ou por onde passeou, até mesmo a subtil e eficaz exploração dos espaços familiares e dos gestos mais íntimos. Se era difícil superar Bill Clinton, Barack Obama
conseguiu-o largamente.
Se do ponto de vista europeu e pelos dados revelados pelos
vários indicadores, a governação foi, apesar da maior crise económica mundial depois de 1929 e ao invés da Europa, um sucesso, há algo que não consigo compreender, porque contraria a história da tomada do poder dos partidários do populismo:
o que correu mal nestes anos de Obama para que o povo americano votasse numa mudança
tão radical e entregasse o mais alto cargo da nação ao sinistro Donald Trump?
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