Cinco dias em Florença e os sinais foram por demais
evidentes, arrisco generalizar: a prosperidade económica e cultural ao longo de
tantos séculos nota-se a cada esquina desta magnífica cidade. Uma cidade
pintada pelas cores do rio, de uma riqueza explícita que se manifesta nos palazzos renascentistas, na maneira como
preservaram todo o edificado, como integraram o novo, como é tão óbvio para os florentinos
que o luxo e a arte são eternos, como conservam os seus hábitos quotidianos. É fácil identificá-los. Distinguem-se pela elegância das roupas, pelos passeios de bicicleta no meio do
formigueiro de turistas de telemóvel em riste, pela serenidade com que passeiam
os cães ao final da tarde. Aceitam a avalanche diária com a altivez de quem
sabe pertencer a uma cidade à escala do homem rico e culto.