Durante duas semanas, numa pequena vila
transmontana, o “golf”, esse desporto tão elitista e desconhecido para o
comum cidadão português, relegava o futebol de Eusébio e Yazalde para um plano
secundário. Em Setembro, os Torneios de Golf de Vidago representavam o culminar
de uma preparação que se tinha iniciado aos primeiros dias primaveris. Eram
quinze dias ininterruptos de golfe, num campo meticulosamente preparado e que
aos primeiros sinais de Outono se transformava num local encantatório. Quinze
dias de confronto com adversários vindos de longe. Quinze dias de ajuste e
nivelamento sociais. Quinze dias que transformavam a pequena vila num pequeno
mundo cosmopolita, de etiqueta, de silêncios, de exclamações. Quinze dias em
que as conversas no Café se enchiam de anglicismos, de números, de decepções,
de espantos, de regozijos, de promessas. Quinze dias que se esgotavam
rapidamente e atiravam abruptamente o golfe para uma letargia potenciadora.
Por trás do texto espreitam sinais de anos intensamente vividos entre os greens, o café Capri e a Discoteca das Pedras; descompressão da tão portuguesa saudade da sua terra; regresso a um passado já longínquo mas sempre presente; desejos de recuar 30 anos…
ResponderEliminarForam tempos que merecem essa homenagem.
José M. Carvalho