Mais uma biografia maravilhosamente escrita por Ruy Castro. Agora sobre o jogador mais amado pela geração de 50/60. Mané Garrincha - da infância selvagem à destruição pelo alcoolismo.
«Garrincha foi então deixado sedado e sozinho - uma estrela mais solitária do que nunca naquela noite imensa. Todo o interior de seu corpo estava em revolução. Esse corpo já não lhe pertencia para as arrancadas de Pimpinela Escarlate pela ponta direita, para as freadas bruscas que faziam guinchar as chuteiras, para as torções de circo em que os seus músculos e ossos pareciam de borracha nem para a mortífera potência de colocação de seus chutes. Não lhe servia também para ter prazer e dar prazer às muitas mulheres que ainda poderia possuir pela vida. Não lhe servia nem mesmo para absorver e metabolizar todas as garrafas que ainda pretendia beber. Já não lhe servia para nada. A autópsia revelaria que seu cérebro, coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino delgado e rins já estavam parcialmente destruídos.»
Ruy Castro, Estrela Solitária, Tinta da China