Já tudo foi dito sobre Amesterdão: água, muita água;
turistas, muitos; muitas flores; milhares de bicicletas. Mas foram as bicicletas - pardas, ferrugentas, qual erva daninha, que me impressionaram mais. O binómio bicicleta/holandês parece fruto de um aperfeiçoamento “genético” ao longo dos tempos. Quase modelo único: discretas, roda alta, volante elevado puxado para trás, uma distância dos pés ao chão digna de uma confiança e equilíbrio naturais. A forma sisuda da bicicleta dilui-se e faz com que seja fácil distinguir os habitantes de amesterdão, permitindo às belas holandesas uma postura vertical, costas bem direitas num movimento pendular das longas pernas, olhar altivo, e uma elegância e naturalidade desarmantes.
terça-feira, junho 28
sábado, junho 11
Morbidezza
«A palavra que significa melhor o seu corpo é: turgente. Açodada pelas minhas ficções salazes, tudo nela se torna curva e proeminência, sinuosa elevação, de têmpera branca. Essa é a consistência que o bom degustador deveria preferir para a sua companheira na hora do amor: terna abundância que parece a ponto de se derramar mas que se mantém firme, solta, elástica como a fruta madura e a massa recém-amassada, essa terna textura que os italianos chamam morbidezza, palavra que até aplicada ao pão soa a lasciva.»
Mário Vargas Llosa, Elogio da Madrasta
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