Numa área urbana pouco qualificada, o Teatro Azul de Almada dá mostras evidentes de não ter requalificado o espaço. Integrou-se. Mais um exemplo de originalidade não ser sinónimo de bom gosto.
Em cena a obra de William Shakespeare, Mercador de Veneza. Uma bela interpretação de João Reis (Shylock, o judeu).
ANTÓNIO — Ainda agora pudera novamente dar-te o nome de
cão, de minha porta tocar-te a pontapés, cuspir-te o rosto. Se queres
emprestar-nos teu dinheiro, não o faças como a amigos — em que tempo a amizade
cobrou do amigo juros de um metal infecundo? — antes o empresta como a teu
inimigo, pois no caso de vir ele a faltar com o pagamento, com mais alegre
rosto hás de extorquir-lhe tudo o que te dever.
SHYLOCK — Ora essa! Vede como vos exaltais! É meu desejo
prestar-vos um obséquio, conquistar-vos a amizade, esquecer-me das injúrias com
que me maculastes, suprir vossa necessidade, sem tirar proveito nenhum do meu
dinheiro. No entretanto, não me quereis ouvir. E amiga a oferta.
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